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10 de junio de 2010
Brasil: Sindicatos y Partidos
Opinión de Sergio Bertoni, de TIE Brasil
La relacion de los sindicatos con los partidos politicos en la historia brasileña y la situacion actual

A Conclat e o Conclat

A primeira semana de junho de 2010 entrará para a história do movimento sindical brasileiro como a semana dos Conclats. Ela foi marcada por duas atividades distintas, mas que buscaram se apropriar de uma mesma sigla: CONCLAT.

Uma turma usou Conclat - Conferência Nacional da Classe Trabalhadora -para se referir a uma assembleia realizada no Estádio do Pacaembú, SP, no dia 1ºde junho. Outra usou Conclat como Congresso da Classe Trabalhadora para definir a atividade que realizaram na cidade de Santos/SP, nos dias 5 e 6 de junho, na tentativa de criar mais uma central sindical.

A turma do Pacaembú reuniu militantes de 5 das seis centrais sindicais reconhecidas oficialmente. A turma de Santos, os militantes dos grupos e movimentos que se opõe a estas centrais e defendem a necessidade de criação de uma outra central sindical.

É um fato interessante ver que o movimento sindical brasileiro começa a se mexer e a fazer esforços para unificar lutas, pautas de reivindicações e, até mesmo, buscar consenso em torno de pontos que até pouco tempo atrás dividiam as distintas correntes do pensamento sindical brasileiro.

É importante que haja um processo de consolidação das forças e que cada um assuma abertamente sua posição na sociedade, no movimento, em relação ao governo, aos patrões e, principalmente, em relação aos Trabalhadores.

Aqui nessa página publicamos as mais distintas opiniões sobre estes acontecimentos, buscando de forma plural e democrática debater temas fundamentais como a concepção e prática sindicais. Há pontos em comum nessas iniciativas da Conclat e do Conclat. Vale a pena ver alguns deles.

Embora os grupos organizadores dos dois eventos deste começo de junho atualmente se reivindiquem partícipes de espectros políticos diferentes, ambas as iniciativas tem em seu núcleo duro organizações sindicais fortemente arraigadas na estrutura sindical getulista criada em 1943 e ainda vigente em nosso país. Além disso, todos os grupos tem alguma relação com o que se convencionou chamar de "Novo Sindicalismo" a partir das greves do ABC e São Paulo de 1978-1980. Parte era a favor da retomada do movimento com greves e manifestações. Parte era contra. Mas foi esta onda do "Novo Sindicalismo" que mobilizava e exigia a tomada de posições claramente definidas.

Um fato hoje bastante esquecido é que naqueles longínquos finais dos anos 1970, início dos 80, os que viríamos logo em seguida a criar uma Central Única lutávamos por reivindicações imediatas como “Fim do Arrocho”, mais empregos, 40 Horas semanais e, também, por uma Nova Estrutura Sindical. Ao mesmo tempo que gritávamos “Fim da Ditadura”, lutávamos pela Liberdade e Autonomia Sindical, Fim do Imposto Sindical, Fim da Intervenção do Estado nos Sindicatos, pelo direito de auto-organização e determinação dos Trabalhadores e, principalmente, pelo direito a Organização nos Locais de Trabalho, criando lá na base o que na época chamávamos de Comissões de Fábricas.

Naquela época conseguimos juntar em torno destes princípios e objetivos líderes de sindicatos tradicionais, oposições sindicais, associações de servidores públicos, grupos de base, trabalhadores, homens, mulheres, jovens, que não queriam nenhuma filiação às Confederações Sindicais Internacionais então existentes e criaram uma Central Única dos Trabalhadores. Esta se definiu contra toda exploração e opressão, apontando para uma pespectiva de uma nova sociedade socialista e democrática, rompendo com a divisão imposta pelos impérios norte-americano e soviético e sua Guerra Fria e que impedia a unidade internacional dos Trabalhadores. A iniciativa era inovadora no mundo, pois nascia supra-partidária, sem subestimar a função dos partidos, mas preocupada em manter sua autonomia e independência frente a qualquer um deles, para Unificar todas as forças progressistas do sindicalismo brasileiro.

Os debates eram muito duros, mas em nossa opinião, havia um que era especial. Quando se discutia o "Novo Sindicalismo" e a fundação da CUT muito se falou sobre a forma de filiação à nova estrutura em formação. Uma parte defendia a CUT como uma central sindical, e os sindicatos se filiariam a ela em Congressos ou Assembleias. Uma vez aprovada a filiação, automaticamente todos os trabalhadores passariam a pertencer à Central mais votada.

Havia visões diferentes. Na discussão sobre Liberdade e Autonomia Sindical houve quem defendesse a filiação direta dos trabalhadores à Central que escolhessem, através de uma opção individual. Esta visão partia do questionamento à estrutura corporativista herdada de Vargas e queria a unidade de classe, plural, democrática e autônoma. Queriam um compromisso individual. Este debate colocava no centro o protagonismo dos Trabalhadores dentro da nova Central.

Hoje, infelizmente, nosso movimento sindical regrediu nesse quesito e muitas das Centrais se tornaram braços sindicais de partidos políticos. O protagonismo do Trabalhadores passou a ser mera figura de retórica e as brigas ditas políticas, muitas vezes,se dão pelo domínio dos aparelhos sindicais a serviço deste ou daquele partido, deste ou daquele grupo político.

No início dos anos 2000 dizíamos que o Movimento Sindical não podia mais fazer sindicalismo como nos anos 1970-80, e até 90. Hoje vemos que, em muitos pontos, regredimos aos anos 1950-60 ou 1940!!!. Em lugar de dar um passo a frente estamos dando dois para atrás.

Estamos correndo o risco de jogar na lata do lixo da história a criatividade e acúmulo de experiências da classe trabalhadora brasileira. É preciso resgatar os princípios que nortearam a retomada sindical dos anos 1970-80 e aplica-los aos dias de hoje, adaptando e modernizado as experiências daquela época às necessidades atuais.

Enviada por Sérgio Bertoni, às 16:44 09/06/2010, de Curitiba, PR

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